Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune crônica caracterizada pela destruição parcial ou total das células-beta, que resulta na incapacidade de produzir insulina. O DM1 causa diversos problemas, devido a alterações micro e macrovasculares. As principais complicações crônicas consistem em nefropatia, retinopatia, neuropatia periférica, doenças cardiovasculares e doenças vasculares periféricas.

Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia autoimune originada pela sensibilidade ao glúten em pessoas geneticamente predispostas. O organismo não reconhece a proteína do glúten e uma reação de defesa autoimune é desencadeada. O resultado é uma atrofia de células da mucosa do intestino delgado que são responsáveis por absorver os alimentos.

Os sintomas comuns da DC são: perda de peso, desnutrição, distensão abdominal e diarreia. Em crianças, por não conseguirem absorver corretamente as vitaminas e sais minerais, pode ocorrer redução do crescimento e desenvolvimento.

Importante lembrar que uma parte das pessoas que são acometidas com a doença celíaca apresentam a forma assintomática, isto é, sem qualquer sinal ou sintoma da doença.

A relação entre DM1 e DC é descrita desde 1954 e a suscetibilidade genética parece ser o principal fator para esta associação.

Cada indivíduo apresenta um código de reconhecimento para o sistema imunológico, que é chamado de complexo maior de histocompatibilidade (HLA), codificado através do DNA. Em algumas pessoas esse código de reconhecimento apresenta alteração e as células de defesa passam a enxergar as células do próprio corpo, outras vezes, alguns alimentos, como inimigos e a consequência é que o sistema imunológico passará a atacar o próprio corpo.

Atualmente sabe-se que as pessoas com DM1 são mais propensas a desenvolver a DC devido a uma alteração neste complexo com a presença do antígeno de histocompatibilidade humana DQ, codificado pelos genes DQ2 e DQ8 do cromossomo 6, sugerindo uma causa genética para a ocorrência simultânea das duas doenças, uma vez que tais genes são compartilhados tanto pelo DM1 como pela DC.

A prevalência de DC entre portadores de DM1 foi estimada em cerca de 4%, com variação entre 0,1 e 10,4%, superando, a prevalência da população geral (entre 0,5 e 1%).

Os sintomas clássicos gastrintestinais da DC dificilmente acontecem nos pacientes com DM1, sendo estes comumente assintomáticos e dificultando o diagnóstico.

Estudos demonstraram que pacientes com DM1 e DC recém-diagnosticada possuem pior controle glicêmico e perfil lipídico, bem como maior prevalência de complicações microvasculares. Além disso, pacientes com DC desenvolvem retinopatia e nefropatia mais cedo do que aqueles com apenas DM1. Existe, também, evidências de que pacientes com ambas as doenças estão propícios a uma maior taxa de aterosclerose subclínica em comparação com a condição diabética sozinha.

Nesta perspectiva, torna-se fundamental o rastreio da doença celíaca em pacientes diabéticos tipo 1, para diminuir os agravos e, consequentemente, a morbidade causada por tal associação.

Fonte: Eco Diagnóstica