Na Semana da Tireoide, estudo revela desconhecimento sobre os efeitos de hiper e hipotireoidismo na fertilidade e para mães e bebês durante a gestação. 

Na Semana Internacional de Conscientização da Tireoide, criada para disseminar informações sobre a prevenção e o tratamento dos distúrbios dessa glândula que dita o ritmo do funcionamento do corpo, uma pesquisa global traz descobertas preocupantes. O levantamento, encomendado pela farmacêutica Merck e realizado pela YouGov, mostra que a maior parte dos entrevistados não sabe que o hipertireoidismo e o hipotireoidismo elevam o risco de complicações para a mãe e o bebê na gestação — e também podem levar à infertilidade.

O estudo contou com a participação de 7 mil indivíduos de seis países diferentes (Chile, China, Colômbia, Indonésia, México e Arábia Saudita). Infelizmente, o Brasil não foi incluído, o que limita as conclusões para o nosso território. Os questionários foram respondidos entre os dias 24 de março a 6 de abril de 2020.

“O resultado trouxe um alerta sobre a necessidade de conscientizar mais a população sobre os impactos que a falta de diagnóstico pode ocasionar para mães recentes e seus filhos”, comenta a endocrinologista Simone Matsuda Torricelli, chefe da área de cardiometabolismo da Merck.

A especialista acredita que o dado mais alarmante é o de que menos da metade dos entrevistados (48%) julgavam ser importante examinar a tireoide das mulheres durante a gestação.

O sucesso da gravidez depende do funcionamento adequado do sistema endócrino — o conjunto de glândulas que produzem hormônios. “Entre 8% e 12% de todos os abortos espontâneos resultam de fatores endócrinos”, avisa Simone. E a tireoide, além compor esse sistema, é preponderante no seu ritmo. Ora, ela fabrica dois hormônios (o T3 e o T4) que modulam a atividade de outras glândulas e estruturas do corpo.

De acordo com Simone, mulheres com hipotireoidismo não tratado possuem maior probabilidade de experimentar complicações na gestação, especialmente pré-eclâmpsia e aborto.

Outro dado levantado é o de que 55% dos respondentes não sabiam que recém-nascidos precisam ser avaliados para checar a presença do hipotireoidismo congênito, que compromete o desenvolvimento. Esse diagnóstico é feito através do teste do pezinho.

“A condição surge pela incapacidade de o bebê produzir quantidades adequadas de hormônios tireoidianos”, esclarece a médica.

O estudo também revela que apenas 24% dos respondentes conheciam a influência dos transtornos da tireoide na fertilidade. O que uma coisa tem a ver com a outra?

Simone explica que, quando a glândula não está trabalhando adequadamente, os ovários e os testículos sofrem. “Há uma redução das taxas de concepção e um risco aumentado de hemorragias”, arremata a expert.

E atenção: o sexo feminino é mais atingido por problemas na tireoide. “Uma em cada oito mulheres os desenvolve. A prevalência é maior por motivos ainda não totalmente esclarecidos e aumenta com o passar dos anos”, informa Simone.

O desconhecimento traz uma consequência bastante negativa. “Cerca de 60% das pessoas que vivem com algum dos distúrbios da tireoide não recebem um diagnóstico”, relata a profissional.

A detecção do hipo e do hipertireoidismo não é muito complexa. Basta realizar um exame de sangue com dosagem do hormônio tireoestimulante (TSH) — se o médico receitar, claro. Converse com ele sobre o assunto.

“Para quem possui histórico familiar desses problemas, é necessário fazer a avaliação com mais frequência, pelo menos uma vez ao ano. Os testes também são importantes no primeiro trimestre da gravidez e no pós-parto, bem como em recém-nascidos”, complementa Simone.

A boa notícia é que os distúrbios da tireoide são tratáveis. E, uma vez controlados, o risco de interferirem na fertilidade ou na gestação cai drasticamente.

Fonte: Veja Saúde