A SBPC/ML, Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial,  apresentou uma relação de Mitos e Verdades sobre os Exames Laboratoriais, com a finalidade de esclarecer dúvidas e desfazer equívocos de pacientes e profissionais de saúde sobre a realização desses exames e a importância dos laboratórios clínicos na cadeia de assistência à saúde.

Será que você também acredita em alguns deles? Confira a lista.

Exames Laboratoriais: Mitos e Verdades

1. OS EXAMES LABORATORIAIS SÃO RESPONSÁVEIS POR GRANDE PARTE DO DESPERDÍCIO DOS GASTOS NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE.

Verdade: Os resultados de exames laboratoriais apoiam cerca de 70% das decisões médicas. Os gastos com exames laboratoriais representam um percentual muito baixo do total dos custos em saúde: 1,3% na Alemanha e 2,4% nos Estados Unidos.

2. MUITOS EXAMES LABORATORIAIS, QUANDO REALIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO ESTADO DA SAÚDE DE UMA PESSOA APARENTEMENTE SAUDÁVEL, APRESENTAM RESULTADOS NORMAIS E, PORTANTO, DESNECESSÁRIOS.

Verdade: Com o advento da medicina preventiva, os exames laboratoriais passaram a ter papel fundamental na avaliação do estado da saúde das pessoas e também na avaliação de risco para diversas doenças, como por exemplo, a dosagem do colesterol total, frações e triglicérides para avaliação do risco cardiovascular. A utilização dos exames com esta finalidade tem grande impacto na detecção precoce e permitem o tratamento muito antes do aparecimento de suas complicações. A prevenção, detecção precoce e o controle das principais doenças crônicas, tais como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, câncer de próstata, câncer do colo de útero, entre outras, resulta na redução do custo da assistência à saúde e garante uma excelente qualidade de vida às pessoas por um período prolongado de sua vida.

3. OS LABORATÓRIOS CLÍNICOS TÊM INFLUÊNCIA NA QUANTIDADE DE EXAMES SOLICITADOS PELOS MÉDICOS.

Verdade: Os laboratórios clínicos recebem os pacientes com pedidos de exames solicitados pelos médicos e realizam apenas os procedimentos ali descritos. Não têm influência na decisão médica em relação à quantidade ou tipo de exames a serem realizados. No entanto, é inegável o papel relevante do laboratório clínico em disseminar conhecimentos relativos à medicina laboratorial junto à comunidade médica, assim como assessorar o médico, quando solicitado a definir os exames mais adequados para um paciente, para fins de diagnóstico, acompanhamento clínico e também na interpretação dos resultados.

4. DE 35% A 50% DE RESULTADOS DE EXAMES LABORATORIAIS NÃO SÃO RETIRADOS PELOS PACIENTES.

Verdade: Diversos artigos, reportagens e entrevistas publicadas na mídia com essa afirmação não apresentam fontes de referências ou base de dados fidedigna. Muitos resultados — como aqueles que apresentam valores críticos — são comunicados pelos laboratórios diretamente aos médicos. Pacientes recebem resultados por e-mail, telefone, SMS e outros meios; acessam os resultados diretamente no site do laboratório, entre outros recursos. Dados obtidos pela SBPC/ML fornecidos por laboratórios clínicos demonstram que o percentual de exames não retirados é inferior a 5% do total.

5. A REALIZAÇÃO DOS EXAMES É SEMELHANTE EM TODOS OS LABORATÓRIOS CLÍNICOS. A ÚNICA DIFERENÇA PERCEPTÍVEL ESTÁ NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO NA RECEPÇÃO.

Verdade: Laboratórios que participam de um programa de acreditação da qualidade geram maior segurança aos seus pacientes. Os programas de acreditação têm como foco assegurar a segurança dos pacientes por meio de controles de processos e práticas, tais como a utilização de painéis de indicadores, controles de qualidade e redução de riscos operacionais. Além disso, os laboratórios acreditados também primam pela sua preocupação em oferecer o melhor atendimento na recepção, sempre com foco na segurança do paciente.

6. RESULTADOS DE EXAMES REALIZADOS NO MESMO DIA, EM DIFERENTES LABORATÓRIOS, DEVEM SER TODOS IGUAIS.

Verdade: Os exames laboratoriais são procedimentos de avaliação qualitativa ou quantitativa de determinados analitos que possuem variação conforme a metodologia empregada e podem apresentar resultados divergentes entre diferentes métodos ou diferentes laboratórios. Os resultados representam uma “fotografia” do organismo em um dado momento. O método definido pelo responsável técnico do laboratório deve possuir uma avaliação de seu desempenho diagnóstico (sensibilidade, especificidade, valores preditivos etc.) e analítico (coeficientes de variação, controle interno de qualidade etc.). Os resultados laboratoriais devem ser interpretados em conjunto com os dados clínicos e sempre realizados por profissionais habilitados.

7. A INCORPORAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS NO ROL DE PROCEDIMENTOS E EVENTOS EM SAÚDE DA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS) E NA TABELA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) É RESPONSÁVEL PELA INSUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE SAÚDE.

Verdade: A incorporação de novas tecnologias ao sistema de saúde contribui de forma positiva na assistência à saúde, uma vez que essas tecnologias são importantes para se obter diagnósticos mais precoces, avaliação preditiva etc. As tabelas de cobertura dos sistemas privado e público de saúde representam apenas uma pequena parte dos milhares de tipos de exames laboratoriais disponíveis atualmente. A avaliação de inserção desses novos procedimentos tem se mostrado mais restritiva do que flexível.

8. SÓ É NECESSÁRIO FAZER EXAMES LABORATORIAIS PARA OBTER DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS.

Verdade: Os resultados dos exames laboratoriais também têm outras finalidades além do diagnóstico de doenças. São importantes, por exemplo, para a triagem de doenças e para a definição de seus fatores de riscos.

9. O NÚMERO DE EXAMES PER CAPITA REALIZADOS ANUALMENTE NO BRASIL TEM CRESCIDO DEVIDO À FALTA DE CRITÉRIO EM SUAS SOLICITAÇÕES.

Verdade: Diferentes fatores levam a maior utilização dos exames laboratoriais na prática clínica: envelhecimento da população (pacientes idosos realizam cerca de 3,5 vezes mais exames ao ano quando comparados a adultos jovens), maior prevalência de doenças crônicas (mudança epidemiológica), novas tecnologias disponíveis e advento da medicina preventiva. Existem variações no número de exames solicitados por médicos de diferentes regiões do país, o que se deve a características do setor e não representa desperdício de recursos.

10. ALÉM DO JEJUM, NÃO É NECESSÁRIO MAIS NENHUM PREPARO PARA REALIZAR EXAMES LABORATORIAIS.

Verdade: O jejum pode ser dispensado para diversos tipos de exames laboratoriais, devido ao avanço tecnológico e a estudos científicos que auxiliam na interpretação dos resultados em diferentes estados metabólicos. Alguns medicamentos, exercícios, alimentação e horário são fatores que podem influenciar o resultado dos exames. É recomendado informar-se no laboratório.