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As glicoproteínas são proteínas plasmáticas simples unidas a carboidratos. Formadoras de muco nos tecidos e nas secreções, elas também intervêm como componentes de ligamentos, tendões e cartilagens. Dentre estas um conjunto de proteínas são denominadas “proteínas de fase aguda”, que são aquelas cujo sua concentração aumenta ou diminui em resposta a um estímulo inflamatório. Grande parte destas proteínas executa funções específicas o que as torna muito importantes durante o processo inflamatório.

Mucoproteínas

As mucoproteínas são uma fração de glicoproteínas solúveis e fazem parte do conjunto das “proteínas de fase aguda”. O aumento das mucoproteínas ocorre em vários processos inflamatórios sépticos ou assépticos, agudos ou crônicos e ainda localizados ou sistêmicos, por exemplo: neoplasia, tuberculose, diabetes mellitus, cirrose hepática, psoríase, gota entre outras. Apesar de sua dosagem seriada ser utilizada com certo sucesso para acompanhar a resposta ao tratamento, a falta de especificidade limita muito o seu uso em termos de diagnóstico. Importante ressaltar que não existe correlação entre os níveis séricos de mucoproteínas, proteína C-reativa e antiestreptolisina.

Alfa-1-Glicoproteína Ácida (AGP)
A AGP é uma proteína plasmática sintetizada no fígado, sendo a principal constituinte das mucoproteínas. Também faz parte do conjunto de “proteínas de fase aguda” e apresenta concentração significativamente elevada na vigência de processos inflamatórios. Apesar de ser uma das proteínas mais extensamente estudadas, sua função biológica permanece obscura, constituindo em um achado não relacionado a qualquer doença específica. Logo os níveis de AGP não são úteis para o diagnóstico etiológico do processo inflamatório, porém auxilia no monitoramento da evolução do processo ou na resposta ao tratamento.

Sua concentração plasmática está geralmente elevada após 12 horas de instalado o processo inflamatório. Elevadas concentrações tem sido observadas em diversas condições, tais como: infecções agudas, artrite reumatoide, lúpus
eritematoso sistêmico, infarto agudo do miocárdio, cirurgia, traumatismos, neoplasias, queimaduras e insuficiência cardíaca congestiva. Baixas concentrações são observadas na gravidez e durante o tratamento com estrógeno.

Substituição da dosagem de mucoproteínas por alfa-1-glicoproteína ácida
A quantificação das mucoproteínas pelo método de Winzler não é citada em publicações internacionais há mais de duas décadas, tendo sido substituída amplamente pela quantificação da alfa-1-glicoproteína ácida (AGP) em países de primeiro mundo.

Diversas fontes de possível variação analítica estão relacionadas à determinação de mucoproteínas pelo método de Winzler, as quais podem ser alocadas conforme a fase do procedimento metodológico, ilustrado na figura abaixo:

 

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Na fase de separação, o processo é temperatura dependente, sendo crítica a concentração do ácido perclórico, sua adição lenta e sob agitação à amostra de soro. Na fase de processamento, a qualidade do papel filtro utilizado é determinante, bem como a concentração do ácido fosfotúngstico e a força de centrifugação empregada na precipitação e sedimentação da mucoproteína. Na colorimetria, o cromógeno é dependente do pH alcalino do meio e, por conseguinte, da remoção do ácido utilizado na fase anterior.

A dosagem de AGP por imunoturbidimetria está disponível para uso nos laboratórios clínicos há cerca de três décadas, e vários laboratórios introduziram este ensaio em suas rotinas em substituição à quantificação das Mucoproteínas. Entre as vantagens dessa metodologia, podem ser citadas: menor tempo de análise, especificidade, reprodutibilidade, precisão e capacidade de automação do procedimento, ocasionando em resultados mais confiáveis.

Proteína C reativa (PCR)
A PCR é uma das proteínas de fase aguda induzidas por citocinas, cujos níveis aumentam durante uma resposta geral e inespecífica a infecções e processos inflamatórios não infecciosos. As concentrações de PCR são normalmente baixas no sangue de indivíduos saudáveis; 99% da população têm níveis abaixo de 10mg/L. Esse limiar é frequentemente excedido dentro de 4 a 8 horas após um evento inflamatório agudo, com valores de PCR atingindo aproximadamente 20 a 500mg/L. Como níveis elevados de PCR estão sempre associados a alterações patológicas, o ensaio de PCR fornece informações para o diagnóstico, terapia e monitoramento de doenças inflamatórias.

Substituição do PCR Látex pela Turbidimetria
Atualmente, existem diferentes métodos biológicos de medição para PCR. Os métodos mais conhecidos são: o qualitativo de aglutinação em látex e o quantitativo como a turbidimetria e a nefelometria. A turbidimetria é o método que utiliza os mesmos princípios aplicados na espectrofotometria clássica, e por isso, pode ser adaptada em qualquer equipamento de bioquímica automatizado. Dessa forma, é possível adicionar aos parâmetros bioquímicos de rotina, como glicose e colesterol, dosagens de proteínas específicas como a PCR. Esta pode ser considerada uma grande vantagem da turbidimetria em relação à nefelometria, visto que, a nefelometria requer um equipamento específico, e que nem sempre este se encontra disponível em laboratórios clínicos. Portanto, a utilização da turbidimetria para quantificar níveis de PCR torna possível o acompanhamento de processos inflamatórios de maneira mais precisa, rápida e prática.

Procalcitonina (PCT) – Novidade no controle da infecção sistêmica
A procalcitonina (PCT) é uma proteína precursora do hormônio calcitonina. É produzida pelas células parafoliculares (células C) da tiróide e pelas células neuroendócrinas do pulmão e intestino. O nível de PCT aumenta rapidamente após uma infecção bacteriana com consequências sistêmicas, atingindo seu nível máximo em 24 a 48 horas após a sepse. Em indivíduos saudáveis, as concentrações plasmáticas de PCT estão abaixo de 0.05 ng/mL, mas podem aumentar até 1.000 ng/mL em pacientes com sepse grave ou choque séptico.

Estudos diversos têm demonstrado que as concentrações de procalcitonina decaem rapidamente no processo de recuperação das infecções bacterianas. Dessa forma, tal composto tem sido considerado um biomarcador acurado para avaliar a resposta do hospedeiro, assim como um adjunto aos parâmetros clínicos tradicionais e de diagnóstico, auxiliando no monitoramento e manejo terapêutico de pacientes com infecções sistêmicas possíveis.

Alguns ensaios clínicos têm descrito a redução significativa da exposição de indivíduos a antimicrobianos quando a procalcitonina foi utilizada para guiar decisões quanto ao início da antibioticoterapia em pacientes de baixo risco e durante o tratamento de pacientes com alto risco, apesar dos resultados dos diferentes ensaios clínicos não terem sido avaliados em conjunto.

– AGP TURBIQUEST REF 356-1/38 ML LABTEST – COD. 99652

AGP Turbiquest
– PROCALCITONINA QUANTITATIVO 25 TESTES FINECARE WONDFO FIA – CÓD.: 01910

PROCALCITONINA QUANTITATIVO

– PCT PROCALCITONINA KIT C/10 TESTES PARA F-LINE ECO FIA – CÓD. 02353

PCT PROCALCITONINA
– PCR TURBIQUEST PLUS REF. 331-1/50 1X50 ML LABTEST – CÓD. 06405
PCR TURBIQUEST PLUS  

Referências:

– Picheth et al. Mucoproteína versus alfa-1-glicoproteína ácida. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial.
– Rio de Janeiro, v. 38, n. 2, p. 87-91, 2002.
– Instruções de uso Labtest. AGP Turbiquest. Ref. 356.
– Instruções de uso Labtest. Mucoproteínas. Ref. 20.
– Turbidimetria- Látex PCR – Wama diagnóstica, disponível em:
<https://www.wamadiagnostica.com.br/noticias/turbidimetria-latex-pcr/> acesso em 08/03/2019.